terça-feira, 14 de agosto de 2018

Série Christianitates - Os padres apologistas 08




PADRES APOLOGISTAS

O que fizeram os padres apologistas?

No século II depois de Cristo, encontramos uma geração de escritores cristãos que se propuseram a defender a doutrina do cristianismo. O cristianismo expandiu rápido dentro do Império Romano, mas também enfrentou muitas críticas. Diante das acusações e das perseguições sofridas, alguns padres da Igreja utilizaram apologias para fazer uma defesa pública do que ensinava e pretendia o cristianismo.
As apologias são textos dirigidos às autoridades romanas direta ou indiretamente que contêm os princípios básicos da fé cristã, explicados e justificados. Tudo começou com uma carta que Quadrato de Atenas (morreu em 129) dirigiu ao imperador Adriano. O objetivo destes textos era esclarecer para as autoridades e para os intelectuais daquela época as razões da fé cristã e, consequentemente, para obter tolerância religiosa.

Os principais padres apologistas

            Seguem os principais padres apologistas:
Aristides de Atenas (morto em 130): Escreveu um discurso de apologia ao imperador Adriano argumentando sobre a grandeza do cristianismo em relação às religiões da antiguidade.
Justino Mártir (165): Ele utilizou o discurso filosófico para defender o cristianismo. Escreveu ao imperador Marco Aurélio. Suas principais obras são as Apologias e o Diálogo com Trifão.
Hipólito de Roma (160-235): Escreveu a obra Tradição Apostólica retratando os costumes e as tradições dos séculos II e III da Igreja.
Apolinário de Hierápolis (século II): Escreveu também um discurso aos imperador Marco Aurélio.
Atenágoras de Atenas (133-190): Escreveu uma petição ao imperador Marco Aurélio em favor dos cristãos que eram acusados de ateísmo, incesto, antropofagia.
Teófilo de Antioquia (-181): A sua obra Autólico é uma apologia do cristianismo diante das demais filosofias.
Clemente de Alexandria (150-215): Foi chefe da famosa Escola Catequética de Alexandria e procurou harmonizar a fé e o conhecimento. Obras principais: Stromata, Pedagogo e Discurso aos Gregos.
Minúcio Félix (175-220): Era um advogado romano e através da obra Octavius defendeu os cristãos das acusações que eram levantadas contra eles.

Consequências da atuação dos apologistas

As apologias utilizam argumentos filosóficos para sustentar a fé cristã. O platonismo e o estoicismo, duas escolas filosóficas em voga naquele tempo, foram utilizadas para dar um discurso mais racional e intelectualizado ao cristianismo que originalmente era uma religião de iletrados. Este exercício dos padres apologistas possibilitou mais tarde o surgimento de uma filosofia cristã.
Portanto, o cristianismo em sua vertente discursiva é resultado do cruzamento do anúncio da fé em Jesus ressuscitado com o pensamento filosófico grego. Os concílios que normatizaram os dogmas cristãos platonizaram a mensagem de Jesus. Na verdade, aconteceu um movimento cruzado: Os defensores da religião cristã cristianizaram Platão e acabaram também platonizando Jesus. O método de interpretação do cristianismo a partir de conceitos filosóficos contribuiu também o desenvolvimento da teologia.



                                                                                                        

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