domingo, 12 de agosto de 2018

Série Christianitates - O que é a Patrística 07




O QUE É LITERATURA PATRÍSTICA?

1.    Patrística

A palavra Patrística vem do latim pater, “pai”. Trata-se de uma fase da literatura cristã dos primeiros séculos que ocorre imediatamente aos textos do Novo Testamento. Esses primeiros teólogos foram são chamados de Pais ou Padres da Igreja. Padre não tem nesse caso o significado de sacerdote. São pais porque eles foram os primeiros transmissores das doutrinas do cristianismo.
A Patrística abrange um período do século II até o Concílio de Calcedônia (451). Alguns estudiosos a prolongam até o século VIII. Vamos trabalhar com a divisão mais breve. Neste espaço de tempo, há duas fases da Patrística: 1º Do século II até o Concílio de Niceia (325); 2º Do Concílio de Niceia até o Concílio de Calcedônia (451).

2.    A importância dos textos patrísticos

Os documentos patrísticos são importantes para se conhecer o pensamento e os costumes dos cristãos antigos. No catolicismo e no ortodoxismo, eles são considerados os intérpretes originários do cristianismo. Neste vídeo, vamos abordá-los como literatura para o conhecimento da história do cristianismo. Eles representam o que se chamaria mais tarde cristianismo ortodoxo (ramo ortodoxo-católico). Um dos critérios para considerá-los como Padres da Igreja é justamente a “ortodoxia doutrinária”.
A literatura do cristianismo primitivo, como dissemos no primeiro vídeo desta série, abrange textos patrísticos, apócrifos e o Novo Testamento. Esta consideração está além da ortodoxia católico-ortodoxa, porque inclui textos dos muitos cristianismos e das muitas heterodoxias existentes. Os escritos heterodoxos normalmente são chamados de “heréticos” nos textos apologéticos.
É na Patrística que se desenvolverá a chamada “filosofia cristã”. Quando alguns filósofos se converteram ao cristianismo, eles procuraram embasar a fé cristã em termos filosóficos. A defesa do cristianismo diante da oposição da sociedade do Império Romano contou bastante com uma tentativa de sistematização da doutrina cristã em linguagem filosófica. Portanto, o cristianismo antigo teve influência do platonismo e do estoicismo.

3 – Consensus patrum

As igrejas católica e ortodoxa, muitas vezes, recorreram a estes textos para embasar alguma posicionamento de doutrina ou de moral quando o Novo Testamento não era claro naquele ponto. Este é o chamado consensus patrum. Os teólogos eram consultados sobre alguma tema que não está explícito no NT, então, eles contavam com o consenso dos “pais” por considerá-los mais próximos do tempo dos apóstolos. A antiguidade e a contigüidade ao NT deste textos os tornavam autoridade para desempate em termos de doutrina. A opção da Sola Scriptura limitou este uso no protestantismo, mas muitos teólogos protestantes têm apreço pela Patrística.
Os padres mais antigos são chamados de padres apostólicos porque são das duas primeiras gerações após a morte dos apóstolos. São eles Clemente de Roma (35-100), Inácio de Antioquia (35-110) e Policarpo de Esmirna (69-155) e os autores de Didaquê e Pastor de Hermas. Clemente e Inácio nasceram entre 5 a 7 anos depois da morte de Jesus. Policarpo, por exemplo, quando jovem, ouviu a pregação do apóstolo João. Ele escreveu uma Epístola aos Filipenses. Papias de Hierápolis também conviveu com João.
Dada a antiguidade destes textos, pode-se considerar que esses escritos são as fontes mais próximas do Novo Testamento para se conhecer o cristianismo. Por isso, eles são muito estudados. São fontes para o conhecimento cristianismo da ortodoxia católico-ortodoxa, mas também para os cristianismos concorrentes que foram perdidos.



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