O
QUE É LITERATURA PATRÍSTICA?
1.
Patrística
A
palavra Patrística vem do latim pater, “pai”.
Trata-se de uma fase da literatura cristã dos primeiros séculos que ocorre
imediatamente aos textos do Novo Testamento. Esses primeiros teólogos foram são
chamados de Pais ou Padres da Igreja. Padre não tem nesse caso o significado de
sacerdote. São pais porque eles foram os primeiros transmissores das doutrinas
do cristianismo.
A
Patrística abrange um período do século II até o Concílio de Calcedônia (451).
Alguns estudiosos a prolongam até o século VIII. Vamos trabalhar com a divisão
mais breve. Neste espaço de tempo, há duas fases da Patrística: 1º Do século II
até o Concílio de Niceia (325); 2º Do Concílio de Niceia até o Concílio de
Calcedônia (451).
2.
A
importância dos textos patrísticos
Os
documentos patrísticos são importantes para se conhecer o pensamento e os
costumes dos cristãos antigos. No catolicismo e no ortodoxismo, eles são
considerados os intérpretes originários do cristianismo. Neste vídeo, vamos
abordá-los como literatura para o conhecimento da história do cristianismo.
Eles representam o que se chamaria mais tarde cristianismo ortodoxo (ramo ortodoxo-católico).
Um dos critérios para considerá-los como Padres da Igreja é justamente a
“ortodoxia doutrinária”.
A
literatura do cristianismo primitivo, como dissemos no primeiro vídeo desta
série, abrange textos patrísticos, apócrifos e o Novo Testamento. Esta consideração
está além da ortodoxia católico-ortodoxa, porque inclui textos dos muitos
cristianismos e das muitas heterodoxias existentes. Os escritos heterodoxos
normalmente são chamados de “heréticos” nos textos apologéticos.
É
na Patrística que se desenvolverá a chamada “filosofia cristã”. Quando alguns
filósofos se converteram ao cristianismo, eles procuraram embasar a fé cristã
em termos filosóficos. A defesa do cristianismo diante da oposição da sociedade
do Império Romano contou bastante com uma tentativa de sistematização da
doutrina cristã em linguagem filosófica. Portanto, o cristianismo antigo teve
influência do platonismo e do estoicismo.
3
– Consensus patrum
As
igrejas católica e ortodoxa, muitas vezes, recorreram a estes textos para
embasar alguma posicionamento de doutrina ou de moral quando o Novo Testamento
não era claro naquele ponto. Este é o chamado consensus patrum. Os teólogos eram consultados sobre alguma tema
que não está explícito no NT, então, eles contavam com o consenso dos “pais”
por considerá-los mais próximos do tempo dos apóstolos. A antiguidade e a
contigüidade ao NT deste textos os tornavam autoridade para desempate em termos
de doutrina. A opção da Sola Scriptura
limitou este uso no protestantismo, mas muitos teólogos protestantes têm apreço
pela Patrística.
Os
padres mais antigos são chamados de padres apostólicos porque são das duas
primeiras gerações após a morte dos apóstolos. São eles Clemente de Roma
(35-100), Inácio de Antioquia (35-110) e Policarpo de Esmirna (69-155) e os
autores de Didaquê e Pastor de Hermas. Clemente e Inácio nasceram entre 5 a 7
anos depois da morte de Jesus. Policarpo, por exemplo, quando jovem, ouviu a
pregação do apóstolo João. Ele escreveu uma Epístola aos Filipenses. Papias de
Hierápolis também conviveu com João.
Dada
a antiguidade destes textos, pode-se considerar que esses escritos são as
fontes mais próximas do Novo Testamento para se conhecer o cristianismo. Por
isso, eles são muito estudados. São fontes para o conhecimento cristianismo da
ortodoxia católico-ortodoxa, mas também para os cristianismos concorrentes que
foram perdidos.
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