sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Discípulas de Jesus


EM BUSCA DAS DISCÍPULAS DE JESUS: TESTEMUNHOS DO NOVO TESTAMENTO E DA LITERATURA APÓCRIFA

SEARCHING FOR JESUS’ FEMALE DISCIPLES: WITNESSES FROM NEW TESTAMENT AND APOCRYPHAL LITERATURE

 
As Santas Miróforas falando com o Anjo no sepulcro vazio.
1.    Introdução

A condição da mulher na Palestina do século I depois de Cristo era de subserviência. Não havia liberdade para escolher modos de vida. A decisão dependia sempre do homem. Mas, os evangelistas informam a existência de discípulas no grupo de Jesus: Maria Madalena[1]Joana, esposa de Cuza, Susana, Maria, mãe de Tiago e de Joset, Maria, esposa de Cléofas e Salomé.  Estas mulheres davam suporte ao ministério de Jesus e o seguiram desde a Galileia até Jerusalém. Elas foram testemunhas da crucificação e da ressurreição de Jesus (Mc 15, 40; Mt 27, 55-56). A tradição litúrgica oriental designa as mulheres que testemunham a ressurreição de Santas Miróforas.

2. As discípulas de Jesus

Dentre estas discípulas, os nomes que foram mais utilizados pela literatura cristã primitiva são Maria Madalena e Salomé. As demais mulheres permaneceram somente na memória litúrgica:
Maria Madalena era natural de Mágdala. Trata-se de uma cidade de pescadores na margem ocidental do Mar da Galileia. Quando conheceu Jesus, provavelmente, sofria de alguma condição psíquica (Lc 1, 1-3). A convivência de Jesus e de Maria parecia ser muito próxima, de modo que Jesus a considerava como uma discípula. Os evangelhos apócrifos colocam os apóstolos destacam que os discípulos rejeitavam Maria. O Evangelho de Filipe menciona que os discípulos reclamavam de que Jesus a amava mais do que a eles. E a considera uma companheira de Jesus. A mesma idéia é repetida no Evangelho de Maria, inclusive, esta obra diz que Maria teve acesso privado a ensinamentos de Jesus.
No Evangelho de Tomé, Pedro pede Jesus para retirar Maria do meio dos discípulos (logion 114). Por causa da dificuldade da confiabilidade histórica dos textos, é arriscado afirmar alguma coisa cabal sobre Madalena. Porém, essas obras nos mostram que algumas comunidades cristãs tinham alta consideração pela figura de Madalena. Mesmo diante da rejeição masculina, é possível entender que havia algumas memórias sobre o papel de destaque de Maria no grupo de Jesus.
No Evangelho de Tomé, há uma menção a Salomé que permite entender que Jesus frequentava a sua casa para hospedagem e refeições. Jesus era também amigo de Marta e de Maria.
Joana é mencionada entre as mulheres que acompanhavam Jesus. Ela era esposa de Cuza, um funcionário de Herodes Antipas. Não há mais menções sobre ela. Alguns críticos consideram a Júnia citada em Romanos 16, 7 como a mesma Joana. Susana é identificada como uma das mulheres que acompanhavam Jesus, mas não temos nenhuma outra informação sobre ela.
Salomé foi também uma seguidora de Jesus. O Evangelho dos Egípcios deixa a entender que esta discípula era solteira. O logion 61 do Evangelho de Tomé mostra uma proximidade entre Jesus e Salomé. Pelo contexto, percebe-se que Jesus se hospedava e fazia suas refeições na casa de Madalena. Na tradição litúrgica, esta discípula passou a ser conhecida como Maria Salomé.
Maria era esposa de Alfeu. Seus filhos Tiago e José eram discípulos de Jesus. Como as informações são escassas e reticentes, às vezes, ela é identificada com Maria de Cléofas[2] (Jo 19, 25) ou com Maria Salomé, esposa de Zebedeu. A repetição do nome Maria sem segunda identificação deixa no ar a resposta se são pessoas diferentes ou não. A tradição católica a considera como tia de Jesus. De qualquer modo, parece que ela e Cléofas tinham algum parentesco com Jesus.

2.    Considerações finais

     Embora, por razões culturais, o Novo Testamento não chame essas mulheres de discípulas, podemos dar nome a pelo menos 6 discípulas do grupo de Jesus: Maria Madalena, Joana de Cuza, Susana, Maria de Tiago, Maria de Cléofas e Salomé.


[1]Seu nome aparece 12 vezes no Novo Testamento.
[2] Os nomes Cléofas, Clopas e Alfeu são tido como a mesma pessoa.

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