sexta-feira, 29 de junho de 2018

Religião e Violência


SACRIFÍCIO RITUAL:
 VIOLÊNCIA COMO MEIO DE COMUNHÃO COM O DIVINO

José Aristides da Silva Gamito[1]


1.    Conceito de sacrifício ritual

No contexto religioso antigo, sacrifício é uma oferenda que se faz à divindade e quanto mais valiosa for, melhor será a satisfação do homenageado. As oferendas normalmente não eram desinteressadas, o crente pretendia alcançar um benefício da divindade. [2] O que é mais choca com a mentalidade contemporânea é o fato de que o “mais valioso” era a vida de um animal ou de um ser humano.
Segundo Tylor (apud CABRERA) a origem da prática sacrifical está numa idéia de barganha com deus. O crente oferece um suborno para que a divindade lhe responda prontamente. Posteriormente, a idéia evolui para outros sentidos. Robertson Smith (apud CABRERA) considera que a origem da prática sacrifical se apóia na finalidade de comunhão com o essencial. Principalmente, quando os crentes se alimentam de parte da vítima sacrificada.[3] Na consideração de Cardoso, “a prática sacrifical apresenta como padrão a destruição ou a remoção de algo de seu contexto original terreno. Em busca de benefícios específicos”.[4]

2.    Sacrifício e violências nas religiões

As religiões antigas como o judaísmo, o hinduísmo e as religiões gregas valorizavam o sacrifício físico.  O fato não permanece as religiões reformadas como o cristianismo, o islamismo e o budismo. O deus Yahweh é designado como “Senhor dos exércitos” e está sempre envolvido em massacres e episódios sangrentos.  Em Números 16, 23-35, ele queima duzentos e cinquenta homens como num sacrifício.[5]
O holocausto judaico exigia o esquartejamento e queima da vítima sobre o altar. Não havia o costume de consumir a carne da oferenda. Não falta, porém, situações de sacrifício humano no Antigo Testamento. O pedido de Yahweh para Abraão sacrifical Isaac pretende estabelecer uma comunhão entre crente e divindade.[6]
O Antigo Testamento apresenta o episódio de Jefté. Este promete a Deus que, se vencesse a guerra, ofereceria em holocausto aquilo que primeiro aparecesse na porta saindo da sua casa. E foi sua filha. Ele cumpriu sua promessa, matando-a num sacrifício ritual de seres humanos (Jz 11, 29-40). Em 2 Samuel 1-9, Davi mandou enforcar em sacrifício sete homens para aplacar uma seca. Apesar de a lei mosaica condenar os sacrifícios de crianças ao deus Moloque, mesmo assim houve sacrifícios humanos dirigidos a Yahweh.
 No texto da Ilíada, os deuses matam os filhos de Niobe.[7] Nos tempos védicos, acontecia sacrifícios rituais na Índia. Porém, a dimensão do sacrifício muda dentro do cristianismo por ser uma religião pacifista. O mesmo ocorre na Índia com o budismo e o jainismo, o princípio de não-violência (ahimsa) fecha espaço para os sacrifícios sangrentos.[8]
Os casos se sacrifício rituais não se restringem aos casos da Europa e da Ásia, temos exemplos também na América pré-colonial. A prática de sacrifícios humanos dos astecas é um dos costumes religiosos mais violentos da história.  Eles sacrificavam por vez milhares de pessoas que eram capturadas nas guerras ou de Tenochtitlan (sede do Império Asteca). Os registros que temos não são da antiguidade, são do século XVI. A percepção desses hábitos era espantosa pelos invasores espanhóis. Porém, a violência sempre esteve e está aliada à crença religiosa. Naquele mesmo período, na Europa aconteciam massacres de disputas religiosas entre católicos e protestantes. [9]
Considerando esses relatos dos cronistas espanhóis, os astecas sacrificavam anualmente uma média de 15 mil pessoas para oferecer aos deuses. Desses dados temos a informação de que uma em cada cinco crianças asteca era sacrificada. Portanto, trata-se de uma religião sustentada sob a violência dos sacrifícios rituais. O fato mais citado é a festa de dedicação do Templo Maior de 1487, durante a qual foram sacrificadas apenas em quatro dias 20 mil pessoas.[10] Os números contam com o exagero dos espanhóis que precisavam justificar o massacre dos astecas, mas, de qualquer modo, esses indígenas sacrificavam grande número de pessoas.
No Brasil, tivemos entre os tupinambás a antropofagia ritual. Os tupinambás matavam ritualmente os prisioneiros de guerra e os comia. Por meio deste gesto, a tribo se apropriava das virtudes do guerreiro que era devorado.[11] Não se trata de um sacrifício sobre um altar, mas de um sacrifício humano em favor do crescimento físico e espiritual da coletividade. Os prisioneiros capturados eram mantidos vivos na aldeia até o dia do ritual e recebiam um colar que os marcava. Alguns ficavam até anos vivendo na aldeia e recebia mulheres. Porém, se os prisioneiros tivessem filhos com as mulheres tupinambás, esses filhos deveriam ser comidos também.
No sacrifício ritual humano tupinambá há um sentido diferente dos demais casos elencados neste artigo. Os indígenas realizavam uma festa com muita bebida, enfeitavam-se, e levavam o prisioneiro para a praça da aldeia e o matavam a pauladas na cabeça. Em seguida, seu corpo era esquartejado, assado e a carne era distribuída entre os presentes. Neste ritual não havia uma troca com deus e nem menos oferenda. Os índios o realizavam por motivo de honra e de vingança e o sentido religioso é o de assimilação das virtudes do prisioneiro.[12]

3.    Considerações teóricas

De modo geral, os deuses antigos possuem fortes traços antropomórficos, são ciumentos, não toleram a rebelião humana e precisam de sacrifícios para atender as preces dos homens. No hinduísmo, há traços de violência similares ao judaísmo e às religiões gregas. Portanto, as religiões se fundam e se sustentam em cima de assassinatos divinamente justificados. Segundo Sanchez, podemos identificar três tipos de violência religiosa: a) Origens das religiões contêm mitos com sacrifício dos próprios deuses; b) Há sacrifícios humanos com a intervenção divina; c) os sacerdotes promovem sacrifícios rituais para negociar ou entrar em comunicação com os deuses. A classe sacerdotal em muitos casos se manteve no poder e sustentou seus interesses a partir da violência religiosa.[13]
Sanchez conclui que “o sacrifício é a racionalização de la violência religiosa para fins práticos e morais. A violência divina e heróica são puras. Em certo sentido, não são contadas”. A violência que acontece como réplica da ação divina não se torna imoral. Ela tem a função de manter o vínculo entre o grupo e a divindade. Muitas vezes, ela cria as próprias condições míticas geradoras da crença do grupo.[14]

4.    Considerações finais

            As religiões comportam valores diversos e até contraditórios. Como produto cultural, elas podem promover a integração de algumas pessoas às custas do sacrifício da liberdade ou da vida de outras. A coletividade religiosamente justificada suprime o indivíduo. O costume dos sacrifícios rituais não é uma característica exclusiva de povos “primitivos” e “selvagens”. Está presente em vários culturas e tempos. As conquistas modernas de direitos humanos apenas intimidaram essas tendências.  Além disso, o cristianismo permitiu no Ocidente conviver com a laicização do Estado. Isso acaba gerando um contrapeso para a violência latente nas formas religiosas.
            O patrimônio religioso judaico-cristã tem a violência religiosa na sua fundação. Durante a história houve muitos episódios em que a violência era justificada em nome de deuses. A queima das vítimas da Inquisição não é propriamente um sacrifício ritual, mas se assemelha por que é uma expurgação do indivíduo indesejável para que a comunidade fique bem com o divino.
            Atualmente, a violência religiosa age no Ocidente humanista psicologicamente e socialmente. As pessoas têm sua identidade e sua ação sacrificadas psicologicamente/socialmente pelo isolamento social, pelo preconceito e pela intolerância. Esse tipo de violência dentro de um espaço ou grupo religioso é justificado como não-pecaminoso porque está se defendendo o nome de Deus. A violência religiosa continua intacta nos fundamentalismos religiosos.

Referências
AGNOLIN, Adone. Antropofagia ritual e identidade cultural entre os Tupinambás. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 45, n. 1, p. 131-185, 2002.

CABRERA, Isabel. El Lado Oscuro de Diós. Barcelona: Editorial Paidós, 1998.

CAMPOS, Fernanda de Fretitas. Antropofagia ritual dos povos Tupinambá nas cartas jesuíticas de meados do século XVI. Brasília: Universidade de Brasília, p. 25-28, 2013.

CARDOSO, Bianca Miranda. Depósitos de sacrifícios humanos “Terrenos de enterramentos formais”: Caso de Gordion e população gálata. Dissertação de Mestrado. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2014.

PENNOCK, Caroline Dodds. Mass Murder or Religious Homicide? Rethinking Human Sacrifice and Interpersonal Violence in Aztec Society. Historical Social Research, v. 37, n. 3, p. 276-302, 2012.

SANCHEZ, Sergio Valverde. Sobre el concepto de sacrifício en la Historia de las Religiones. Revista de Estudios, Universidad Costa Rica, n. 16, p. 83-98, 2002.






                       


[1] Filósofo e mestre em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória. E-mail: joaristides@gmail.com.
[2] CABRERA, Isabel. El Lado Oscuro de Diós. Barcelona: Editorial Paidós, 1998, p. 57.
[3] CABRERA, 1998, p. 58.
[4] CARDOSO, Bianca Miranda. Depósitos de sacrifícios humanos “Terrenos de enterramentos formais”: Caso de Gordion e população gálata. Dissertação de Mestrado. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2014, p. 59.
[5] SANCHEZ, Sergio Valverde. Sobre el concepto de sacrifício en la Historia de las Religiones. Revista de Estudios, Universidad Costa Rica, n. 16, 2002, p. 83-98.
[6] CABRERA, 1998, p. 58-59.
[7] SANCHEZ, 2002, p. 83-98.
[8]  SANCHEZ, 2002, p. 83-98.
[9] PENNOCK, Caroline Dodds. Mass Murder or Religious Homicide? Rethinking Human Sacrifice and Interpersonal Violence in Aztec Society. Historical Social Research, v. 37, n. 3, 2012, p. 276-302.
[10]  PENNOCK, 2012, p. 276-302.
[11] AGNOLIN, Adone. Antropofagia ritual e identidade cultural entre os Tupinambás. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 45, n. 1, 2002, p. 131-185.
[12] CAMPOS, Fernanda de Fretitas. Antropofagia ritual dos povos Tupinambá nas cartas jesuíticas de meados do século XVI. Brasília: Universidade de Brasília, 2013, p. 25-28.
[13] SANCHEZ, 2002, p. 83-98.
[14] SANCHEZ, 2002, p. 83-98.

Religião e Sociedade global


RELIGIÃO, COMUNICAÇÃO E VERDADE
 EM TEMPOS DE REDES SOCIAIS

José Aristides da Silva Gamito

INTRODUÇÃO

            Na sociedade globalizada em tempo de redes sociais, não se procura mais sentir o outro e compreender os fatos em profundidade. As novas vivências são rápidas, acessíveis, padronizadas e indolores. O amor se tornou algo simples numa sucessão de momentos rasos e meramente agradáveis.[1]
            A atual sociedade é chamada por Byung Chul Han de “sociedade do cansaço”. Estamos diante de uma sociedade que não tem paciência para ouvir. Não aceita mais introduções e aprofundamentos e logo já rotulam os argumentos de “mi mi”. A comunidade da escuta está diminuindo. Geralmente, em redes sociais as pessoas só discutem em grupos em que há concordância de pensamento. A “mesmidade” diminui o espaço da alteridade. Em outras palavras, a concentração demasiada em si mesmo diante de uma tela de celular está suprimindo a alteridade.
            Portanto, vamos relacionar o problema da comunicação e da verdade nas redes sociais. Uma comunicação caracterizada pelo excesso de informação e pela superficialidade de conteúdos. Na qual a verdade é meramente censitária. Iremos confrontar as características da sociedade digital com os fundamentos do cristianismo que criaram a sociedade ocidental. Esses modelos convivem dentro de uma sociedade complexa.

A SOCIEDADE ANALISADA POR BYUNG CHUL HAN

Byung Chul Han é um filósofo coreano nascido em 1959. É um filósofo e teórico da cultura e professor da Universidade de Artes de Berlim.  Ele nasceu na Coreia, mas mudou-se para a Alemanha para estudar Literatura Alemã, Filosofia e Teologia. Sua obra aborda os problemas da sociedade contemporânea como capitalismo, trabalho e tecnologia.
Dentre suas obras se destacam Müdigkeitsgesellschaft (A Sociedade do Cansaço), Agonie des Eros (A Agonia do Eros) e Topologie der Gewalt (Topologia da Violência).[2]
Han analisa nossa sociedade como era do cansaço. Dentre diversos temas do filósofo, apresentaremos brevemente sua análise. Na sociedade do rendimento vive-se a necessidade constante de poder. As pessoas estão rodeadas pelo medo de não poder algo. A preocupação excessiva tira até a chance de pessoas nos outros.
Somos bombardeados com notícias. As pessoas estão sempre alheias, perdidas em assuntos muitas vezes superficiais de uma tela de celular. Nas empresas, não há mais aquela relação de proximidade. Todos se tornaram patrões de si mesmos. Passamos anos fazendo as mesmas coisas.
Juntamente com esse ritmo de vidas surgem as mais variadas formas de narcisismos e transtornos de personalidade. O sentido de colaboração morreu. Há uma constante vigilância de alguém. Todo mundo sabe tudo sobre outro através de redes sociais. Neste sentido, morre o mistério. Já não há mais espaço para encontros.

Se ha perdido el espacio de frescura. La relajación de poder estar com el otro en calma, ya sea trabajando em un ambiente grato, manteniendo uma comunicación verdadera, informándose críticamente, recreándose com los otros o simplemente haciendo lo que a uno le gusta.[3]

            Byung Chul Han observa que as relações de trabalhos, na escola se pautam em uma necessidade de cumprir as metas sem considerar a profundidade das experiências envolvidas. Todos estão submetidos a estresse, envenenados com substâncias químicas e entregues à irreflexão. Somos uma sociedade de doentes mentais.
O começo do século XXI é tomado pela enfermidade neuronal. A ideia central dentre dessas mudanças é o desaparecimento do outro. O outro é apenas diferente, foi assimilado e neutralizado. A estranheza do outro se esvai e o idêntico toma seu lugar.[4] Portanto, toda a sobrecarga está no eu.

COMUNICACÃO, VERDADE E O OUTRO

Segundo Byung Chul Han, a sociedade sofre de falta de negatividade. A busca é sempre pela incorporação do mesmo, não há enfrentamento do outro enquanto outro. A imagem do outro torna-se espetaculazarida, erótica. A função das imagens em redes sociais é meramente entreter pessoas. Esta sociedade pretende homogeneizar tudo. Como esse procedimento prescinde do outro, o resultado é não-igualitário e antidemocrático.
O corpo vive oprimido em função de padrões. As pessoas não postam fotos em redes sociais para mostrar aos outros sua rotina, seus afazeres, seus valores. São atitudes narcisistas. Elas pretendem satisfazer a si mesmas. O que é paradoxal é que a proximidade no espaço digital empobrece as relações por causa da distância. Não se dá tempo para o outro ser ele mesmo.

 Hiperinformação e hipercomunicação são evidências de falta de saber, falta de verdade e, inclusive, falta de ser (ibid., p. 23). Sem conexões e direcionamento, em meio à inflação de claridade e de informação e, ao mesmo tempo, num vácuo de coerência, o pensamento se confunde e se cansa.[5]

Não há comunicação sem escuta, sem profundidade, assim como não há verdade sem negatividade. A verdade se tornou se censitária. O número de “curtidas” define a relevância de um tema e se aquilo é verdadeiro ou não. São verdades que admitem contraposições. A oposição desarranja o conforto estético do internauta e no auge de seu senhorio do terreno digital, ele opta pela solução de “bloquear” o oponente.
Esses comportamentos são observáveis no trabalho, na escola, na política e na religião. O mundo político está sendo transformado pelo esvaziamento ideológico. Os modelos políticos são pensados para resolver necessidades urgentes da sociedade.[6] As pessoas se dividem em torno de políticos com um fã-clube de heróis. O diálogo tornou-se raro, principalmente, nas redes sociais. Porque todos estão agrupados em tendências sociais e políticas, sejam de direita ou esquerda. Mas não discutem, apenas “esbravejam” tentando calar uma idéia contrária.

A RELIGIÃO E O NARCISISMO

Há um modelo de sociedade que tomou conta da era digital. Nesses espaços, encontramos a negação do outro, a intolerância e os extremismos. Porém, tudo isso coexiste com uma sociedade, no caso do Brasil, majoritariamente cristã. No cristianismo, o outro tem uma importância fundamental. Porém, se faz uma separação entre a fé professada e o comportamento social.
A espiritualidade tem características para a recuperação da negatividade. Ela estimula a vida contemplativa, a paciência e a abnegação. Os jovens precisam a voltar a aprender a ouvir “não”. Alguns segmentos religiosos foram tragados pela ânsia de solução de problemas e transformaram a religião em espetáculos, em experiência estética e confortável. O concreto desafiador e que traz adversidade é totalmente ignorado. No fundo, estão todos atrás de um milagre. A religião estimula a busca do outro. Isso traz pausa à sociedade do cansaço. Não estamos falando de uma obrigatoriedade de conversão, mas de elementos da religião que podem barrar o excesso de positividade da sociedade.
Outro desafio desta sociedade é o extremismo. A divergência é de se esperar numa sociedade democrática, mas a atual sociedade não consegue fazer isso bem. A radicalização está presente no comportamento político, religioso e social. Muitos grupos são excessivamente dogmáticos e não admitem a dúvida, não querem lidar com o desconforto dela. Eles querem exercer a sua influência a todo custo e eliminar oposições. Mas todas essas considerações não são para desencorajar o uso das mídias sociais. A análise tem o objetivo de construir um quadro do que nossas relações se tornaram com o advento da era digital.

REFERÊNCIAS

CESTARI, Guilherme Henrique de Oliveira. Alteridade em Peirce e negatividade em Han. Teccogs: Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, TIDD | PUC-SP, São Paulo, n. 13, p. 35-48, jan-jun. 2016.

OROZCO, José Manuel. De la Sociedad del Cansancio a la Sociedad del Aburrimiento: Un estudio del Pensamiento de Byung Chul Han. Estudios 113, vol. xiii, verano 2015.

WIKPÉDIA. Byung-chul Han.  Disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/Byung-Chul_Han



[1] CESTARI, Guilherme Henrique de Oliveira. Alteridade em Peirce e negatividade em Han. Teccogs: Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, TIDD | PUC-SP, São Paulo, n. 13, p. 35-48, jan-jun. 2016.
[2] WIKPÉDIA. Byung-chul Han.  Disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/Byung-Chul_Han
[3] OROZCO, Manuel José. De la sociedad del cansancio a la sociedad del aburrimiento: Un estudio del pensamiento de Byung -Chul Han. Estudios 113, vol. xiii, verano 2015, p. 172;
[4] OROZCO, 2015, pp. 170-175.
[5] CESTARI, 2016, p. 46.
[6] CESTARI, 2016, p. 43.

Estudos da Religião I


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO FENÔMENO RELIGIOSO[1]

José Aristides da Silva Gamito[2]

1.  Introdução

            Este estudo tem como alcance o fenômeno religioso em sua origem, sua diversificação e sua implicação na vida social e política da democracia moderna. Abordaremos a origem do comportamento religioso a partir das Ciências Cognitivas da Religião a partir das hipóteses de Justin Barret, Will Gervais e Ara Norenzayan. Em seguida, apresentaremos alguns elementos constitutivos da religião. Salientaremos a diversidade religiosa na história e existente no mundo atual, oferecendo uma sucinta classificação das religiões.
            Um dos enfoques deste curso é mostrar o quanto a religião está presente nas decisões sociais e políticas de uma sociedade. Ela formata comportamentos e ideologias. Dentro de uma sociedade democrática é necessário estabelecer critérios para uma convivência pacífica entre pessoas de grupos religiosos diferentes.
            Depois de tratarmos da necessidade do diálogo inter-religioso, analisaremos a situação da tolerância religiosa e da laicidade no Estado brasileiro. Por fim, analisaremos contribuições e entraves gerados no Estado brasileiro pela hegemonia do cristianismo (catolicismo e evangelismo).

2.  Origem e formação do fenômeno religioso

Atualmente, as chamadas Ciências Cognitivas da Religião (CCR) procuram entender como as pessoas adquirem e transmitem a crença religiosa. Trata-se de um conjunto de ciências que operam juntas para investigar o fenômeno religioso.  Esta abordagem parte do pressuposto de que há predisposições na mente humana a crer que são independentes das particularidades culturais. A tese central é a de que teríamos mentes predispostas a aceitar e a propagar conceitos religiosos.[3]
Há duas hipóteses para o surgimento do comportamento religioso. De acordo com a hipótese do psicólogo estadunidense Justin Barret, a reação dos primeiros homens a agentes predadores na floresta fez com que o indivíduo passasse a criar hipótese para a presença de algo a partir de qualquer som ou vestígio. Tal comportamento trouxe uma tendência animista.[4] Segundo a teoria de Stewart Guthrie, o traço universal da religião é o antropomorfismo que é uma continuidade do animismo. E diz respeito à nossa tendência em atribuir características humanas a coisas não-humanas. Tendemos a ver rostos humanos nas nuvens, associamos desastres naturais à vontade divina e, em sentido mais amplo, atribuímos um agente inteligente à natureza. Conforme Barret, o homem possui uma tendência a inferir ações para as coisas.[5]
 Já a hipótese de Will Gervais e de Ara Norenzayan foca na adaptação da vida biológica em grupo. O comportamento religioso para estes dois era um facilitador da interação em grupo. As crenças reforçariam a necessidade de cooperação.[6]
A segunda hipótese afirma que indivíduos do mesmo grupo de crenças tendem a confiar mais em seus companheiros. Mas algumas pesquisas indicaram que nem sempre ocorre isso. Outro aspecto notável é que na versão da religiosidade como reforçador de pressão social há um observador onipresente que induz ao seguimento de regras e de preceitos. Em sociedades capitalistas não se observa a cooperação econômica entre crentes do mesmo grupo.[7]

2.1. A transmissão cultural da fé

       Do ponto de vista biológico, religião é “uma adaptação genética naturalmente selecionada para a cooperação da vida em grupo”. Outra concepção de religião pode ser dada nestes termos, é “um sub-produto natural do normal, processos psicológicos cotidianos que evoluíram para outros propósitos”. Nesta segunda conceituação, há a implicação de que nossas mentes não são naturalmente predispostas para a religião, elas foram preenchidas culturalmente com essas crenças.[8]
       Deste modo, Gervais e Norenzayan sustentam que a transmissão cultural de conceitos religiosos depende de predisposições cognitivas que direcionam esses conteúdos. Os conceitos dependem também da predisposição cultural para que as crenças sejam selecionadas, adquiridas e comprometidas.[9]
       Juntas as predisposições cognitivas, de aprendizagem e as transmissões culturais levam à propagação das crenças religiosas. Desde a origem, o homem se adaptou à natureza formando crenças de como as coisas funcionam e como lidar com elas. O nosso cotidiano está repleto de informações deste tipo, porém, somente algumas possuem status de religião. Os personagens dos contos de fada são tratados como ficção, mas anjos e orixás são considerados reais e dignos de adoração. Há também deuses que são adorados num tempo e esquecido noutros tempos como Zeus e Mitra.[10]
       A compreensão das origens da religião depende da consideração de que os outros são fontes de informação. A tendência de aprendizagem cultural ajuda a compreender a propagação de crenças e de práticas religiosas. Os indivíduos eram submetidos a informações diversas sobre o mundo e aquelas informações mais emotivas são mais fáceis de recordar. Na aquisição de novas crenças, o indivíduo que se encontra em novo contexto compara o que há de comum entre as crenças ou imita o modelo mais exitoso. Outra estratégia adotada pelo indivíduo é evitar a decepção. Alguns modelos podem transmitir informações falsas a fim de que ganhe vantagem entre os concorrentes.[11]
       Para Gervais e Norenzayan, isso reforça a ideia de que adesão a novas crenças depende do contexto e, além disso, as ações são mais decisivas do que as palavras. E mais, pode-se concluir que conteúdo e contexto interagem na propagação de crenças religiosas. Os aprendizes culturais tendem a armazenar e a transmitir representações que levam a ações subsequentes, conteúdos relevantes e que são compatíveis com as expectativas que o indivíduo tem sobre o comportamento da natureza.[12]
       A presença de conteúdo levemente contraintuitivo em conceitos ou narrativas pode influenciar a memória na maneira como favorece os conteúdos na evolução. A religião está marcada por crenças em conteúdos contraintuitivos. Os agentes sobrenaturais possuem um conjunto de habilidades evocativas e características contraintutivas. São conceitos que violam hipóteses fundamentais sobre a natureza das coisas. A tendência na produção dessas crenças é atribuir intenção à natureza (exemplo, a física e a medicina populares). A presença desses conteúdos nas narrativas as torna mais memoráveis porque geram respostas emotivas como medo ou interesse.[13]

3.       A abrangência e a diversidade religiosa
3.1. A diversidade religiosa no tempo

       A religião é tão antiga quanto a humanidade. Os cientistas Ioan Couliano e Marija Gimbutas defendem que não há atividade religiosa antes dos 60.000 anos. Porém, Mircea Eliade afirma que até mesmo o primeiro hominídeo tinha uma consciência humana.  O marco mais aceito para a origem da religião é 6 mil anos na África. [14]
       De acordo com Eliade, a religiosidade pode ter começado por hominídeos do gênero Australopithecus que eram caçadores. A referência entre caçador e animal morto pode ter levado a uma incipiente percepção da religiosidade.[15] As sepulturas com suas ossadas são os documentos mais antigo para procurar sobre evidência de religião. O costume de salpicar os cadáveres com ocra, um tipo de argila, é encontrado na África, Austrália, Europa e América. O trabalho de enterrar os mortos nos remete à crença na vida após a morte. Muitos objetos do cotidiano do morto eram colocados na sepultura.[16]
       De 6 mil anos para cá floresceu uma diversidade de formas religiosas. É importante informar que as religiões funcionam como organismos vivos. Elas nascem, se desenvolvem e morrem. Assim como as religiões mistéricas gregas já não são mais cultuadas, outras nasceram no lugar como o cristianismo e o islamismo que dominam o atual cenário religioso. As religiões também renascem. A partir dos anos 60, surge um movimento politeísta, eclético e com base na natureza. É o chamado paganismo moderno ou neopaganismo. Em busca de referências religiosas fora das tradições abraâmicas, antigas religiões como druidas, wicca foram revitalizadas.[17]
       Do mesmo modo, há religiões também que se fundem com as outras é o que chamamos de sincretismo (no seu sentido positivo). Assim como existem encontros entre tradições que geram novos movimentos religiosos. As religiões ayahuasqueiras são brasileiras e resultaram da adoção do hábito indígena de tomar chás enteógenos por parte de populações mestiças. Deste modo, surgiram o Santo Daime e a União Vegetal. São exemplos de religiões tipicamente brasileiras.[18]
       Depois de considerar estas características da mutabilidade das religiões, vamos agrupar as religiões mais conhecidas por critérios geográficos:
        a) Religiões abraâmicas: Judaísmo, islamismo e cristianismo. São as três religiões monoteístas mais influentes no Ocidente. O judaísmo e o islamismo são monoteístas no sentido mais estrito, não aceitam nem a Trindade. Elas compartilham a crença num só Deus e tradições semelhantes que remetem a Abraão. Este é considerado o pai da fé. As três religiões têm uma origem comum e preceitos semelhantes, o cristianismo se difere mais por causa da doutrina da filiação divina. O islamismo e judaísmo insistem na Lei divina enquanto o cristianismo preconiza a graça.[19]
       b) Religiões indianas: São Hinduísmo, budismo, jainismo e siquismo. Elas têm em comum os conceitos de dharma e karma. O hinduísmo se desenvolveu dentro de um período de 6 mil anos. Os hinduístas compreendem a religião como dharma (“modo de viver”). Trata-se de uma religião politeísta, mas cada seguidor pode ser monoteísta. Todas as religiões hindus aceitam um único princípio criador e mantenedor do universo. Elas consideram que o homem vive numa condição insatisfatória e tem necessidade de libertação que é moksa (libertação última).[20]
       c) Religiões da Ásia Oriental: São o Confucionismo, taoísmo e xintoísmo. Elas compartilham o conceito de Tao. O Taoísmo é modo de vida baseado nos ensinamentos de Laozi. A origem de todas as coisas estaria num princípio denominado Tao. Este não é explicável só pode ser acessado pela experiência da meditação. Os taoístas procuram a harmonia e a serenidade através das práticas meditativas. Não há cerimônias elaboradas.[21]
       c) Religiões africanas: Em geral, as religiões do continente africano acreditam que existe um só Deus criador e construtor de um universo dinâmico. Mas é uma entidade que permanece distante do mundo. As orações, as oferendas e os sacrifícios são dirigidos a divindades secundárias que funcionam como mensageiros entre a humanidade e o reino celeste. Em Gana, o deus supremo é chamado de Nyame entre os ashanti. Neste grupo, os ancestrais da família de linha matrilinear são venerados.  Os dogon de Mali chamam o deus supremo de Amma. Este havia criado o mundo misturando os elementos primordiais com sua palavra. Na Nigéria, entre os yorubás cultua-se Olorum e as divindades secundárias que são os orixás.[22]
       As religiões africanas são tradição oral. Não possuem doutrinas, são mais pragmáticas. Os rituais buscam sustentar a harmonia entre os poderes divinos e o cosmo, entre a comunidade e seus ancestrais. Altares e templos não são permanentes.[23] Desta matriz religiosa procedem as religiões afro-brasileiras como o Candomblé e a Umbanda. Esses elementos religiosos que vieram com os escravos para o Brasil se uniram a tradições católicas e indígenas gerando o que chamamos de sincretismo religioso.
        e) Religiões ameríndias: Há uma diversidade de religiões e mitologias dos índios da América. No caso específico do Brasil, na falta de um critério de classificação mais exato, falaremos de religiões de culturas tupi-guaranis e de culturas macro-jê. Uma das características das religiões tupi-guaranis é a presença do paî’é (pajé). O pajé é um sacerdote-terapeuta que entra em transe para acessar a sabedoria dos espíritos e cuidar da saúde da aldeia.[24]
       Na concepção dessas etnias, o mundo está povoado de espíritos. Os assurinis do Tocantins crêem que os espíritos se comunicam com o pajé através dos sonhos. O local onde vivem os antepassados é entendido de diversos modos. Os suruís e os assurinis acreditam que fica acima das nuvens. Os guaranis acreditam na “Terra sem males”. Os teneteharas chamam os espíritos de karoara e os subdividem em classes: a) Criadores e heróis; b) donos das florestas; c) espíritos errantes dos mortos; d) espíritos dos animais. Os tupis tinham em Maíra o herói mítico que iniciou a civilização. Segundo os kaapor, ele criou o povo tupi.[25]
       Da diversidade religiosa dos povos macro-jê, destacaremos alguns casos. Os botocudos/krenak acredita em três instâncias: Há o céu onde vivem o deus Marét-Khmakian, sua esposa Marét-Jikky e seus espíritos chamados tokón. Há um mundo dos vivos e abaixo da terra vivem os nandyón no kiyém paradn. Acreditavam que homem teria várias almas e a perda de alguma delas gerava enfermidades.[26] Os maxacalis designam com o termo Yãmiyxop os seres sobrenaturais e os rituais. Fazem parte deste grupo as almas dos índios e dos animais. O que é notável nas religiões indígenas é a crença de que os animais também possuem almas. Há uma figura soberana que rege as forças do mal, o Hãmgãyãgnãg. A etnia realiza os cerimoniais para obter benefícios e afastar o mal.[27]
       O caso mais complexo é a diversidade de subdivisões que ocorreu no cristianismo a partir do século XVI. A presença do cristianismo no Ocidente é impactante por causa das consequências sócio-políticas e culturais. Na verdade, o cristianismo é plural desde as suas origens. Nos primeiros séculos havia muitos grupos cristãos atualmente inexistentes como os gnósticos, encratistas, valentinianos e outros. Quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano criou-se uma relativa unidade até o Cisma do Oriente de 1054. Este fato representou a primeira divisão do catolicismo entre católicos e ortodoxos. Porém, foi a Reforma Protestante a partir de 1517 que abriu caminho para uma infinidade de agrupamentos religiosos cristãos. Este movimento deu origem às Igrejas Protestantes: Luterana, Anglicana, Presbiteriana, Batista e Metodista. O seguimento religioso que mais cresce atualmente no Brasil é o neopentecostalismo. Ele é o quarto movimento de geração de igrejas. Essas mudanças no cenário religioso têm efeito sobre toda a sociedade.
       O pentecostalismo teve três frases na classificação frestoniana: Primeira onda (1910 a 1950); segunda onda (1950 a 1960) e terceira onda que é chamada de neopentecostalismo (a partir da década de 70). O pentecostalismo surgiu nos Estados Unidos no século XIX. Neste período algumas igrejas procuravam o avivamento e a renovação espiritual. A partir desenvolveram práticas centradas na invocação dos dons do Espírito Santo. A fonte foi o movimento holiness dos metodistas. A versão católica do movimento é a Renovação Carismática Católica.[28]
       O pentecostalismo chegou ao Brasil em 1910 com a fundação da Igreja Congregação Cristão do Brasil por Louis Francescon. Mas foi a Assembleia de Deus fundada no Pará pelos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg que mais cresceu e se espalhou pelo país. A Renovação Carismática no Brasil teve seu início na década de 70 em São Paulo. Ela segue movimento pentecostal católico originário entre universitários estadunidense que começou na Universidade de Duquesne na Pensylvania.[29]
       As relações entre protestantes e católicos na primeira metade do século XX no Brasil foi um tanto conflituosa. As tradições religiosas davam ênfases diferentes ao modo da leitura da Bíblia. O período vivido pela Igreja Católica entre 1916 e 1955 foi chamado de Neocristandade. Nesta fase, a Igreja procurou reafirmar-se diante da sociedade, aproximando-se do Estado e promovendo serviços de educação, de preservação da moral católica. E como o período coincide com a primeira onda pentecostal no Brasil, desenvolveu-se entre os católicos uma atitude antiprotestante. Muitos conflitos em torno da leitura bíblica e diferenças doutrinárias ocorrem.[30]
       Porém, as relações mudam significativamente no período posterior ao Concílio Vaticano II. A partir da Conferência de Medellín (1968) e dos novos princípios adotados pela Teologia da Libertação, a Igreja começou a superar a sua atitude antiprotestante. Por outro lado, as Igrejas Evangélicas também o fizeram ao se unirem através do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). Esses eventos levaram as igrejas a considerarem as tradições religiosas que estão além delas.[31]

3.2. Elementos constitutivos das religiões

       Definir um único conceito de religião é tarefa árdua, vamos indicar alguns aspectos relevantes e elementos comuns das religiões. As crenças, as práticas e os símbolos são os principais elementos que se destacam nas religiões. Esses fenômenos constituem um sistema simbólico que sustenta as religiões.[32]
       As crenças dizem respeito ao modo como um grupo concebe o Sagrado e se relaciona com ele. Há geralmente uma separação entre o sagrado e o profano. O indivíduo utiliza essas representações para explicar o sentido dos eventos fortes da vida como o nascimento, a puberdade, o casamento e a morte. As crenças formulam regras de comportamento diante do sagrado e do profano.[33] Segundo Mircea Eliade, o espaço para o homem religioso não é homogêneo. Ele é composto de rupturas. O espaço é dividido em sagrado e profano. Essa ruptura permite ao homem uma experiência que concebe e funda o mundo que ele vê.  Quando ocorre uma hierofania, abre-se um centro no mundo que o organiza e contribui para o seu sentido. Já olhar profano vê o mundo como homogêneo.[34]
       As práticas religiosas se referem ao procedimento como o homem religioso se relaciona no seu cotidiano ou em dias sagrados com a divindade. Os rituais são as ações de vivência da fé e da comunicação com o divino e os ritos são as estruturas que sustentam esses comportamentos. São exemplos dessas práticas a missa, o culto protestante, a sessão espírita. Alguns ritos relacionados com o nascimento, casamento e morte referem-se a mudança de estado ou de papel social do crente.[35]
Os símbolos são objetos, gestos, expressões e palavras que identificam uma crença. Os símbolos sintetizam e gravam o conteúdo da crença. Eles são mais palpáveis do que os dogmas e tocam o sentimento de fé das pessoas.[36] Símbolos são abstrações de experiências fixadas em formas perceptíveis, são representações concretas de idéias, crenças ou juízos. Os esquemas culturais são modelos das relações entre entidades ou do mental com o físico. São modos como manejamos as formas simbólicas para poder adaptar-nos às formas não-simbólicas. A teoria modela as relações físicas de modo a dar-lhes uma forma sinótica para representar a realidade. Manejamos e alteramos as construções físicas a partir das relações simbólicas.[37] Portanto, a teoria é um modelo para a realidade e ela se compõe de representações simbólicas.
       Todos esses elementos estão unidos a um modo específico de ver o mundo. Toda religião possui uma visão de mundo. Esta cosmovisão interfere na política, na economia e na ciência. É o modo como o indivíduo se situa no mundo a partir de sua crença. A cosmovisão é orientada por um conjunto de valores. As pessoas organizam seus grupos a partir do compartilhamento comum de crenças e de valores.[38]
            Portanto, a religião é um sistema cultural que concebe e organiza o mundo, funda uma cosmovisão, atribuindo valores às ações e papéis sociais às pessoas. Como as instruções genéticas do DNA, os esquemas culturais modelam os processos sociais e psíquicos da conduta pública. Modelos culturais são para e de.  PARA – são comandos para agir e DE são processos de representação desses comandos.[39] Neste sentido, todos os campos da ação humana são afetados pela religião, sejam eles a moral, a economia, a ciência, a política. A religião não está desvinculada das demais atividades humanas.

4.  Os monoteísmos, a cultura e a política ocidental

     Segundo o site World Atlas, as religiões monoteístas são as mais influentes no mundo. O cristianismo possui 2,22 bilhões de adeptos; o islamismo tem 1 bilhão e 605 milhões. Elas ocupam o primeiro e segundo lugar entre as religiões. Em oitavo lugar, está o judaísmo que tem 13, 9 milhões.[40] Os três monoteísmos são chamados de religiões abraâmicas. O judaísmo é o monoteísmo mais antigo, cuja primeira fase foi henoteísta ou monolátrica. Sua doutrina parte da revelação que está contida na Tanak (que corresponde ao Antigo Testamento para os cristãos). O islamismo compartilha algumas tradições judaico-cristãs, mas sua fé se baseia na revelação do profeta Maomé. Seu livro sagrado é o Alcorão. São pontos comuns entre os monoteísmos: O Oriente Médio como origem geográfica, a aceitação de Jerusalém como cidade sagrada, uso de um local próprio para as orações, a necessidade de orações e de jejuns.
     A exigência de se crer em um só Deus levaram essas três religiões a oscilarem na história entre tolerância e intolerância. Por natureza, os politeísmos tendem a ser tolerantes porque admitem a existência de vários deuses, logo podem haver também vários cultos. Os monoteísmos são religiões do livro. Eles possuem doutrinas definidas, hierarquias e as verdades doutrinárias são revelação divina. O politeísmo grego, por exemplo, não tinham essas formas de organização.[41]
     Embora, a palavra fundamentalismo seja moderna, essas ações sempre acompanharam os monoteísmos. A estreita ligação entre estes e a política explica muito sua natureza intolerante. O cristianismo consolidou muito esta natureza ao se tornar uma religião imperial a partir do século IV.[42] Seguiram-se como resultado da hegemonia religiosa aliada ao poder político os vários eventos violentos como guerras por motivação religiosa, a Inquisição e outras formas institucionalizadas de violência. Os conflitos entre israelenses e palestinos também são resultado das relações híbridas entre religião e política.

5.  As religiões no Brasil: Características e inter-relações

            Segundo o Censo de 2010, o Brasil continua majoritariamente católico, mas vem perdendo fiéis. O neo-pentecostalismo tem crescido muito. Os católicos eram 91,8% na década de 70, agora somam 64,6%. Os evangélicos saltaram neste período de 5,2% para 22,2%. Os reflexos da mudança religiosa no país estão no comportamento, nas normas morais e na política. Vamos explorar um pouco essas relações religiosas no Brasil. A religiosidade brasileira possui três matrizes: a) cristã/católica europeia; b) indígena e c) africana.
            A matriz hegemônica na formação institucional do país é o cristianismo. Até poucas décadas a normatividade religiosa brasileira era tomada a partir do catolicismo. Mas oficialmente desde o início do regime republicano que há um esforço em laicizar o Estado. Em segundo lugar, se considerou no país o protestantismo que vinha ganhando terreno desde as primeiras décadas do século XX. Toda a formatação de liberdade religiosa teve como centro o catolicismo.[43] Tais considerações impediram muito tempo em se conhecer com mais profundidade as demais religiões do Brasil.
            As religiões indígenas foram as primeiras a sofrer uma interferência com a chegada dos missionários jesuítas em 1549. O esforço dos jesuítas era converter os indígenas à fé católica. Era uma tarefa difícil porque eles desconheciam a cultura dos povos indígenas. A experiência começa no litoral com os tupinambás. O encontro entre jesuítas e indígenas gerou um choque cultural. Os portugueses consideram os costumes indígenas como maus. Era uma dificuldade para os missionários verem os indígenas nus assistindo à missa. O amancebamento das índias com os colonos, a antropofagia, as bebedeiras de cauim, poligamia, os rituais dos pajés, tudo era motivo de incômodo para os missionários.[44]
            Como o missionário possuía um olhar europeu e cristão, procurou demonizar algumas práticas religiosas indígenas. A luta maior foi contra a atividade dos pajés. Os jesuítas consideraram essas práticas religiosas como inferiores e frutos da ignorância. Usavam a estratégia de converter os chefes e assim desarmar o grupo. Ao fracassar essas investidas passaram a usar a educação para moldar as crianças indígenas.[45] As religiões indígenas passarão ser conhecidas e valorizadas somente no século XX a partir de trabalho de antropólogos e de movimentos indigenistas que optaram reconhecer seus valores culturais.
            Com a escravidão negra, vieram as religiões de matriz africana. O primeiro contato entre escravos e senhor foi também de choque cultural. Ao ter de assumir a religião do senhor, os escravos desenvolveram uma sincretização entre elementos católicos e africanos. Até os anos 30, essas religiões se restringiam aos descendentes de africanos. Formaram-se vários segmentos religiosos como candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul, macumba no Rio de Janeiro. Esses elementos se uniram ao catolicismo e também às tradições indígenas. Poderíamos classificar um ramo dessas tradições religiosas como afro-ameríndio: São jurema, toré, pajelança, babaçuê, encantaria e cura.[46]
            A Umbanda surgiu como uma religião universal aberta a adeptos além das etnias africanas. A partir dos anos 60 as religiões africanas se propagaram pelo Brasil e ganharam aceitação. Apesar de o clima de intolerância ainda reinante. Porém, no período colonial como o negro tinha perdido sua pátria, sua família, muitas tradições não se adaptaram à realidade brasileira. Além da senzala o que dominava era o catolicismo por isso aconteceu o sincretismo como meio de sobrevivência. Para se compreender a religiosidade popular há que se conhecer essas condições de construção da identidade. As religiões africanas foram devedoras do catolicismo, só vieram a se libertar mais tarde.[47]
            Além dessas três principais matrizes religiosas, há no Brasil também religiões orientais que vieram com os imigrantes: Hinduísmo, budismo, xintoísmo e taoísmo. Elas possuem cada uma menos de 10 mil adeptos. O desafio da pluralidade religiosa dentro da democracia é convivência pacífica e respeitosa. Os movimentos inter-religiosos e ecumênicos existem para superar a intolerância e fomentar a cooperação entre as religiões.
            No caso do Brasil, há dois problemas de convivência entre religiões. O primeiro é a intolerância religiosa. Ela acontece mais no nível interpessoal. A maior discriminação é contra religiões afro-brasileiras. Em 2017, 39% das denúncias foram contra essas religiões segundo o site do Estadão. O segundo é a laicidade. Muitas agendas políticas promovidas por instituições religiosas avançam sobre o Estado laico e a democracia fazendo o país correr o risco de aumentar a discriminação religiosa ou a hegemonia de alguma visão religiosa moral sobre o Estado que deveria ser para todos sem distinção de credo.

6.  Considerações finais

            Os estudos sobre religião passaram por uma fase de descrença durante o período dominado pelo positivismo. Entre os séculos XIX e XX, além dos cursos de teologia, as universidades não consideravam a religião como um tema sobre o qual se poderia fazer ciência. Um racionalismo extremo que se somou a uma confiança elevada nas ciências naturais separou fé e razão. Mas atualmente é possível estudar religião com auxílio das ciências naturais, da psicologia e de outras ciências. Neste estudo, acolhemos contribuições da psicologia cognitiva para estudar a origem da religião.
            Além disso, procuramos demonstrar a pluralidade das religiões e a necessidade de uma abertura cultural para compreender essas diferenças. Dentro de uma sociedade democrática, os cidadãos crentes precisam conviver de modo que todas as crenças sejam respeitadas. O próprio entendimento da Igreja Católica e das Igrejas Protestantes membros do CONIC é neste sentido de respeito mútuo e de colaboração em temas de relevância social.
            O Estado laico implica a tolerância de todas as religiões e a inexistência de hegemonia de nenhuma delas sobre os interesses institucionais públicos. É papel das religiões conscientes, da escola e do Estado combater qualquer tipo de discriminação e de intolerância. O caminho para isso é o estudo aprofundado, crítico, científico e sem preconceitos das religiões.

Referências

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[1] Texto-referência para o curso de Cultura Religiosa na Escola de Formação Humana da Paróquia Santa Margarida de Antioquia, Santa Margarida, MG, em junho e julho de 2018.
[2] Bacharel, licenciado em Filosofia, bacharel (livre) em teologia, especialista em Docência do Ensino Básico, em Docência do Ensino Superior, em Língua Latina e Filologia Românica e Mestre em Ciências das Religiões. E-mail: joaristides@gmail.com.
[3] BORTOLONI, Tiago; YAMAMOTO, Maria Emília. Surgimento e manutenção do comportamento religioso. Estudos de Psicologia, v. 18, n. 2, p. 223-229, 2013.
[4] BORTOLONI; YAMAMOTO, 2013, p. 223-229.
[5] WESTH, Peter. Anthropocentrism in Gods concepts: The role of narrative. In: GEERTZ, Armind W. (Ed.), Origins of  Religion, Cognition and Culture, n. 2, 2005, p. 1-22.
[6] BORTOLONI; YAMAMOTO, 2013, p. 223-229.         
[7] BORTOLONI; YAMAMOTO, 2013, p. 223-229.
[8] GERVAIS; Will; WILLARD, Aiyana K.; NORENZAYAN, Ara, HENRICH, Joseph. The cultural transmission of faith.  Religion, v. 41, n. 3, 2011, 2011, p. 389-410.
[9] GERVAIS; WILLARD; NORENZAYAN et alii, 2011, p. 389-410.
[10] GERVAIS; WILLARD; NORENZAYAN et alii, 2011, p. 389-410.
[11] GERVAIS; WILLARD; NORENZAYAN et alii, 2011, p. 389-410.
[12] GERVAIS; WILLARD; NORENZAYAN et alii, 2011, p. 389-410.
[13] GERVAIS; WILLARD; NORENZAYAN et alii, 2011, p. 389-410.
[14] WUNN, Ina. Beginning of Religion. Numen, International Review for The History of Religions, v. 47, 2000, p. 417-452
[15] WUNN, 2000, p. 417-452.
[16] ELIADE, Mircea. História das Crenças e das Ideias Religiosas. Da Idade da Pedra aos Mistérios de Elêusis I. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978, p. 26-28.
[17] LIMA, Adriana Silva Guedes de; GONÇALVES, José Artur Teixeira. Neopaganismo: uma análise sobre dominação de gênero e religião. Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas, Londrina, 2014, p. 1-8.
[18] ALBUQUERQUE, Maria Betânia Barbosa. Os saberes da ayahuasca no Santo Daime. Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano IV, n. 10, 2011, p. 149-173.
[19] CUYPERS, Michel. Corão e Bíblia: Similaridades? Entrevista de Márcia Junges, Moisés Sbardelotto, Patrícia Fachin. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, v. 302, 2009, p. 6-9.
[20] KLOSTERMAIER, Klaus. O Hinduísmo e a busca pelo moksa. Entrevista de Patrícia Fachin. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, v. 309, 2009, p. 5-8.
[21] BIZERRIL, José. Taoísmo, alternância e combinação de duas polaridades indissociáveis. Entrevista de Patrícia Fachin. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, v. 309, 2009, p. 11-15.
[22] BRITANNICA, Encyclopedia. African Religions. Singapore: Encyclopedia Britannica, 2006, p. 17-18.
[23] BRITANNICA, 2006, p. 17-18.
[24] LARAIA, Roque de Barros. As religiões indígenas: O caso tupi-guarani. Revista USP, São Paulo, n. 67, 2005, p. 6-13.
[25] LARAIA, 2005, p. 6-13.
[26] NIMUENDAJÚ, Curt. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico. N. 21, 1986.
[27] MENDES, Patrícia Muniz. Aspectos de organização social: o caso Maxacali. Disponível em: https://goo.gl/CpnCbE . acesso em 14 jun. 2018.
[28] OLIVEIRA, David Mesquiati de; GONÇALVES, José Mário; MENDES, Adonai de Moura. A leitura da Bíblia no Pentecostalismo a partir da Estética da Recepção. Revista Unitas, Vitória, v. 5, n. 1, 2017, p. 2-11.
[29] OLIVEIRA; GONÇALVES; MENDES, 2017, p. 2-11.
[30] GAMITO, José Aristides da Silva. Hábito da leitura bíblica: Um legado da Reforma Protestante e o surgimento do Mobon na Diocese de Caratinga (MG). Sacrilegens, Juiz de Fora, v. 14, n. 2, 2017, p. 65-74.
[31] VALLE, Edênio. Macroecumenismo e diálogo inter-religioso como perspectiva de renovação carismática. Estudos da Religião, n. 2, 2003, p. 56-74.
[32] COUTINHO, José Pereira - Religião e outros conceitos. Sociologia, Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, V. 24, 2012, p. 171-193.
[33] COUTINHO, 2012, p. 171-193.
[34] ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 17-18.
[35] COUTINHO, 2012, p. 171-193.
[36] COUTINHO, 2012, p. 171-193.
[37] GEETZ, Cliff. La Religión como Sistema Cultural. In: La Interpretación de las Culturas. Barcelona: Gedisa, 2003, p. 90-91.
[38] COUTINHO, 2012, p. 171-193.
[39] GEETZ, 2003, p. 92.
[40] Os dados estão disponíveis em: https://www.worldatlas.com/articles/largest-religions-in-the-world.html. Acesso em 13 jun. 2018.
[41] SILVA, Antônio Ozaí da. Monoteísmo e intolerância religiosa e política. Espaço Acadêmico, ano 10, n. 113, 2010, p. 153-162.
[42] RIBEIRO, Osvaldo Luiz. Seis “teses” sobre fundamentalismo: provocações iniciais. In: ALMEIDA, Leandro Thomaz de (Org.). Rostos do fundamentalismo: abordagens histórico-críticas. São Paulo: 2017, p.
[43] MONTEIRO, Paula. Religião, Pluralismo e Esfera Pública no Brasil. Novos Estudos, n. 74, 2006, p. 47-65.
[44] COSTA, Mariza Domingos da; COSTA, Célio Juvenal. Catequese e educação dos indígenas nas colônias: alguns apontamentos. Seminário de Pesquisa do PPE, Maringá, 2009, p. 1-18.
[45] COSTA; COSTA, 2009, p. 1-18.
[46] PRANDI, Reginaldo. Referências sociais das religiões afro-brasileiras: Sincretismo, branqueamento e africanização. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 4, n. 8, 1998, p. 151-167.
[47] PRANDI, 1998, p. 151-167.