sábado, 26 de dezembro de 2020

A moral cristã recebeu uma forte influência do estoicismo: análise em novo artigo

 

A RECEPÇÃO DO ESTOICISMO NO PENSAMENTO ÉTICO DE CLEMENTE DE ALEXANDRIA: RELAÇÕES INTERTEXTUAIS ENTRE O PEDAGOGO E AS DIATRIBES DE MUSÔNIO RUFO

José Aristides da Silva Gamito

Resumo


A relação entre cristianismo e filosofia iniciou-se conflituosa com os primeiros apologetas, porém, progressivamente ocorreu uma recepção positiva no século II. O encontro entre a religião cristã e a filosofia grega contribuiu para construção de uma cosmovisão específica do cristianismo dentro da sociedade greco-romana. No campo ético, verifica-se nas obras de Clemente de Alexandria, principalmente no Pedagogo, conceitos e valores estoicos. Esta pesquisa identifica e compara intertextualidade e contatos entre Clemente de Alexandria e os antigos estoicos (Zenão de Cítio, Cleanto, Crísipo), e com o filósofo Caio Musônio Rufo, representante do estoicismo imperial, e que viveu quase cinco décadas antes de Clemente.


Acesso: http://revista.faculdadeunida.com.br/index.php/reflexus/article/view/2415/2217

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Novo artigo sobre a relação entre o cristianismo primitivo e o hermetismo

A RELAÇÃO ENTRE HERMETISMO E CRISTIANISMO PRIMITIVO: UMA ANÁLISE DE CRENÇAS HERMÉTICAS NO EVANGELHO DE TOMÉ

Resumo:

A relação e a possível influência do hermetismo no cristianismo primitivo podem ser verificadas em alusões e em relações intertextuais entre o Evangelho de Tomé e as obras: a coleção de tratados intitulada Corpus Hermeticum e Um Livro Sagrado de Hermes Trismegisto a Asclépio. O mencionado evangelho apócrifo compartilha um material semelhante aos evangelhos canônicos, porém, apresenta as marcas de uma fonte altamente mística e que pode ter sido uma coleção de sentenças herméticas. Neste artigo, discutiremos os temas do autoconhecimento e da ascensão celestial como crenças comuns entre os textos herméticos e o Evangelho de Tomé.

Palavras-chave: Evangelho de Tomé; Hermetismo; Autoconhecimento; Ascensão celestial.

Citação:

GAMITO, José Aristides da Silva. A relação entre hermetismo e cristianismo primitivo: uma análise de crenças herméticas no Evangelho de Tomé. PROTESTANTISMO EM REVISTA, v. 45, p. 124-133, 2019.


terça-feira, 23 de junho de 2020

Educação filosófica em tempos de incerteza


TEVE INÍCIO NESTA SEGUNDA-FEIRA A I SEMANA ONLINE DE FILOSOFIA

Com o objetivo de popularizar a filosofia e oferecer oportunidades gratuitas de aperfeiçoamento cultural, os professores de filosofia Eldécio Luiz da Silva, José Aristides da Silva Gamito e Vinícius Melo se reuniram para organizar um evento online, a I Semana Online de Filosofia, com a Associação Sociocultural Concipa. A semana tem um tema geral que é “Educação filosófica em tempos de incerteza”. Ela acontece de segunda até sábado, de 22 a 27 de junho, com as conferências transmitidas por lives na página do facebook Filosofia Hodierna.
Abriu a semana nesta segunda-feira o professor José Aristides da Silva Gamito, de Conceição de Ipanema, com o tema “Os desdobramentos sociopolíticos de uma ética do corpo a partir de Epicuro de Samos”. Confira toda a programação do resto da semana: No dia 23, professor Eldécio Luiz da Silva, de Inhapim, apresenta a conferência “A angústia para o despertar da existência autêntica em Heidegger.”
No dia 24, professor Vinícius Melo, de Carangola, desenvolve o tema: “Elucubrações platônicas: Uma analogia entre a alegoria da caverna e o estado de isolamento social.” No dia 25, professor Wanderson Fernandes de Oliveira, de Santa Magarida, traz como tema: “Uma pitada de filosofia: De uma escrava que se tornou santa.” No dia 26, professor Romildo Alves, de Pocrane, apresenta: “Filosofia, educação e psicanálise.”
A semana se encerra no sábado, às 19 horas, com o professor Luís Carlos Pinto, de Guanhães, com o tema: “Byung-Chul Han e a Sociedade do desempenho: uma reflexão sobre o trabalho docente em tempos de pandemia.” Todas as lives podem ser acompanhadas na página do facebook: https://www.facebook.com/filosofiahodierna. Quem não conseguir assistir ao vivo, poderá fazê-lo no dia seguinte no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC65dvdFmIs0MpvT8PqYRMOg?view_as=subscriber.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Influência das éticas helenistas no Cohélet?


APROXIMAÇÕES ESTOICAS E EPICÚREAS DO COHÉLET

Muitas especulações foram feitas a respeito da temática comum do livro do Antigo Testamento, o Cohélet ou Eclesiastes, e a filosofia helenista. É difícil demonstrar uma influência de filósofos gregos direta sobre o autor deste livro. Embora, a data mais recente para a sua composição, de 350 a 180 antes de Cristo[1], coincida com um período de influência helenista sobre Israel. Mas outras datas mais antigas são propostas. As éticas helenistas se inserem na tradição filosófica grega e o Cohélet, na Hokhmah, a tradição sapiencial judaica. Neste texto, vou considerar apenas uma coincidência de temas.
O livro do Cohélet tem muitas idéias afins ao estoicismo e a o epicurismo. Mas também com o ceticismo de Arcesilau e com os filósofos cínicos.[2] Vamos identificar alguns temas do Cohélet e sua relação com as éticas helenistas:
1.       Transitoriedade: O Cohélet considera tudo na vida como transitório (Ecl 1,2). As gerações se sucedem, mas a terra permanece a mesma (1,3). Marco Aurélio compartilha este pensamento estóico dizendo que tudo ao mesmo desde sempre, não importa e alguém vive cem ou duzentos anos (Med., II, 14).
2.       Não há legado. A morte de algum modo é boa porque faz cessar o sofrimento. O Cohélet reclama que a sorte dos mortos é melhor do que dos vivos. O homem e o animal têm o mesmo destino (Ecl 3, 19). Epicuro de Samos também aconselha para não temermos a morte justamente por ela ser a extinção de todas as sensações. Cícero, um pensador eclético, considera igualmente a morte como um bem.
3.       Acúmulo de bens. Não há vantagem em ser rico e conquistar muitas coisas, tudo é vaidade (Ec2). O sábio e o insensato têm o mesmo destino.Além disso, a morte é o destino certo para os bons e os maus (Ecl 9,2). O Cohélet louva a obediência aos mandamentos e o estóico e epicurista, a razão.
4.       O prazer é o fundamento da felicidade. Segundo o Cohélet, “a felicidade do homem é comer e beber” (Ecl 2,3). Esta constatação coincide com os fundamentos do epicurismo. Epicuro defendia que o prazer era o princípio da felicidade. O Cohélet repete esta fórmula mais duas vezes: “não há felicidade a não ser no prazer e no bem-estar” (Ecl 3,12); “não existe felicidade para o homem debaixo do sol, a não ser o comer, o beber e o alegrar-se” (Ecl 8,15). A mesma alternativa aparece, indiretamente, uma terceira vez, quando ele afirma que resta ao homem comer, beber, alegrar-se, perfumar-se e desfrutar com sua amada (Ecl9, 7-9).
5.       O controle das emoções.  A agitação do desejo traz sofrimento. Mas vale contar com o que se tem diante dos olhos (Ecl 6,9). O estoicismo possui o conceito de representação. Não devemos nos prender na representação, na expectativa que fazemos do mundo. A realidade não obedece nossos desejos.
6.       A importância da sabedoria. O conhecimento e a reflexão ajudam a reconhecer o mal (Ecl 7, 26). Seguir os mandamentos é a solução da vida virtuosa (Ecl 8,5). Os epicuristas e os estoicistas consideram que a razão e a reflexão auxiliam o homem a viver uma vida moral correta. Para Cícero, a vida virtuosa é inclinar-se para os bens verdadeiros.
Concluindo, o Cohélet concorda com o epicurismo ao colocar a felicidade nos prazeres naturais como a comida e a bebida. Assim como a reflexão é importante para os filósofos helenistas, observar os mandamentos também é importante para o Cohélet. Com o estoicismo, o Cohélet compartilha a idéia de que não se deve apegar aos prazeres e as vantagens do mundo porque tudo é vaidade. Todas as nossas conquistas serão apagadas com a morte. Muito desejo causa sofrimento. Portanto, o homem deve se contentar com os prazeres naturais e observar os mandamentos para viver bem.

Textos:

Bíblia de Jerusalém.
GAMMIE, John. Stoicism and Anti-Stoicism in Qoheleth.Tulsa, p. 174


[1]GAMMIE, John. Stoicism and Anti-Stoicism in Qoheleth.Tulsa, p. 174.
[2]GAMMIE, John. Stoicism and Anti-Stoicism in Qoheleth.Tulsa, p. 174.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Entrevista ao jornal Diário de Caratinga sobre meu livro

         
         A edição do jornal Diário de Caratinga de 13 de janeiro trouxe uma entrevista comigo a respeito do livro que acabei de lançar, "O Evangelho de Tomé: A Outra Face de Jesus". Na entrevista falei a respeito do livro e de algumas temas relacionados aos evangelhos apócrifos.

Segue link da matéria: https://diariodecaratinga.com.br/o-evangelho-de-tome-a-outra-face-de-jesus/