MORAL E RADICALISMO CÍNICO DO FILÓSOFO DEMONACTE:
Um filósofo com carisma religioso
“Errar é humano, pensava ele, mas
divino é corrigir o erro”.
“A Vida de Demonacte”, de Luciano de Samósata.
1. Notas
biográficas
Segundo Luciano de Samósata viveu na antiguidade um
filósofo cínico radical chamado Demónax ou Demonacte. Ele nasceu em Chipre e viveu em Atenas. Foi discípulo
de Demétrio, de Agatóbulo e do estóico Epicteto. Supõe-se que viveu entre 70 e
170 d. C.[1]
Na obra “A Vida de Demonacte”[2],
Luciano informa que o filósofo provinha de uma família rica, porém, desprezava
a riqueza e valorizava somente a filosofia. Ele era grande orador e dominava a doutrina
das correntes filosóficas de sua época (Dem.,
parágrafos 3 e 4). Vivia de um modo imperturbável diante das adversidades,
somente a doença e a morte de um amigo o incomodavam porque considerava a
amizade o maior bem (Dem. 10).
Além de ter uma boa oratória, se saía bem diante de
perguntas capciosas e tinha um humor perspicaz (Dem. 39). Luciano descreve várias situações em que Demonacte zomba
de seus interlocutores.
Assim como Sócrates foi acusado pelos atenienses de não oferecer
sacrifícios (Dem. 11). Ele se
mostrava um tanto agnóstico quanto às práticas religiosas dos gregos.
Na sua velhice, dormia e comia na casa de qualquer
pessoa, pois, todos o veneravam e consideravam a sua presença como sinal
divino. Na época do Alto Império, havia muitos filósofos mendicantes em Roma. O
século II d. C. foi marcado pela presença desses filósofos mendicantes.[3]
2. Ensinamento
Moral e Religioso de Demonacte
Demonacte controlava suas emoções, não se irritava,
reprimia os erros, mas era inclinado a perdoar (Dem. 7). Ele ensinava que aqueles
que possuem posses e aqueles sofrem adversidades devem se consolar pelo fato de
tudo ser passageiro (Dem. 8).
Do ponto de vista religioso, o filósofo tinha postura
asceta e se apresentava como mago, porém, criticava o segredo das religiões
mistéricas e a exclusividade dos templos como lugar de oração (Dem. 27-34).
O homem para liderar precisa controlar sua raiva, falar
pouco e escutar mais. Segundo Luciano, Demonacte viveu quase cem anos e no
final de sua vida absteve-se de alimento até morrer.[4]
Mesmo com uma tendência agnóstica, Demonacte foi
considerado um “homem divino” pela sociedade grega.[5]
3. Referências
MONTOYA, Joaquin de la Hoz. La Manutención de Demonacte (Luc. Dem. 63).
Universidad de Sevilla.
REALE, Giovanni. Il Pensiero Antico. Milano: Vita e
Pensiero, 2001.
SAMÓSATA, Luciano. Vida de Demonacte. Traducción de Andrés Espinosa Alarcón.
Madrid: Editorial Gredos, 1996.
[1]REALE, Giovanni. Il Pensiero Antico. Milano: Vita e
Pensiero, 2001, p. 408.
[2] A obra está disponível em
espanhol em: https://pt.scribd.com/doc/155275118/Obras-Completas-de-Luciano-de-Samosata-Gredos
[3] MONTOYA, Joaquin de la Hoz. La Manutención de Demonacte (Luc. Dem. 63).
Universidad de Sevilla, pp. 183-184.
[4] SAMÓSATA, Luciano. Vida de Demonacte. Traducción de Andrés Espinosa Alarcón.
Madrid: Editorial Gredos, 1996.
[5] MONTOYA, p. 204.
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