EM
BUSCA DAS DISCÍPULAS DE JESUS: TESTEMUNHOS DO NOVO TESTAMENTO E DA LITERATURA
APÓCRIFA
SEARCHING
FOR JESUS’ FEMALE DISCIPLES: WITNESSES FROM NEW TESTAMENT AND APOCRYPHAL
LITERATURE
1. Introdução
A
condição da mulher na Palestina do século I depois de Cristo era de
subserviência. Não havia liberdade para escolher modos de vida. A decisão
dependia sempre do homem. Mas, os evangelistas informam a existência de
discípulas no grupo de Jesus: Maria Madalena[1]Joana,
esposa de Cuza, Susana, Maria, mãe de Tiago e de Joset, Maria, esposa de
Cléofas e Salomé. Estas mulheres davam
suporte ao ministério de Jesus e o seguiram desde a Galileia até Jerusalém.
Elas foram testemunhas da crucificação e da ressurreição de Jesus (Mc 15, 40;
Mt 27, 55-56). A tradição litúrgica oriental designa as mulheres que
testemunham a ressurreição de Santas Miróforas.
2.
As discípulas de Jesus
Dentre
estas discípulas, os nomes que foram mais utilizados pela literatura cristã
primitiva são Maria Madalena e Salomé. As demais mulheres permaneceram somente
na memória litúrgica:
Maria Madalena
era natural de Mágdala. Trata-se de uma cidade de pescadores na margem
ocidental do Mar da Galileia. Quando conheceu Jesus, provavelmente, sofria de
alguma condição psíquica (Lc 1, 1-3). A convivência de Jesus e de Maria parecia
ser muito próxima, de modo que Jesus a considerava como uma discípula. Os
evangelhos apócrifos colocam os apóstolos destacam que os discípulos rejeitavam
Maria. O Evangelho de Filipe menciona
que os discípulos reclamavam de que Jesus a amava mais do que a eles. E a
considera uma companheira de Jesus. A mesma idéia é repetida no Evangelho de Maria, inclusive, esta obra
diz que Maria teve acesso privado a ensinamentos de Jesus.
No
Evangelho de Tomé, Pedro pede Jesus
para retirar Maria do meio dos discípulos (logion
114). Por causa da dificuldade da confiabilidade histórica dos textos, é
arriscado afirmar alguma coisa cabal sobre Madalena. Porém, essas obras nos
mostram que algumas comunidades cristãs tinham alta consideração pela figura de
Madalena. Mesmo diante da rejeição masculina, é possível entender que havia
algumas memórias sobre o papel de destaque de Maria no grupo de Jesus.
No
Evangelho de Tomé, há uma menção a
Salomé que permite entender que Jesus frequentava a sua casa para hospedagem e
refeições. Jesus era também amigo de Marta e de Maria.
Joana é
mencionada entre as mulheres que acompanhavam Jesus. Ela era esposa de Cuza, um
funcionário de Herodes Antipas. Não há mais menções sobre ela. Alguns críticos
consideram a Júnia citada em Romanos 16, 7 como a mesma Joana. Susana é
identificada como uma das mulheres que acompanhavam Jesus, mas não temos nenhuma
outra informação sobre ela.
Salomé
foi também uma seguidora de Jesus. O Evangelho
dos Egípcios deixa a entender que esta discípula era solteira. O logion 61 do Evangelho de Tomé mostra uma proximidade entre Jesus e Salomé. Pelo
contexto, percebe-se que Jesus se hospedava e fazia suas refeições na casa de
Madalena. Na tradição litúrgica, esta discípula passou a ser conhecida como
Maria Salomé.
Maria era esposa de Alfeu.
Seus filhos Tiago e José eram discípulos de Jesus. Como as informações são
escassas e reticentes, às vezes, ela é identificada com Maria de Cléofas[2]
(Jo 19, 25) ou com Maria Salomé, esposa de Zebedeu. A repetição do nome Maria
sem segunda identificação deixa no ar a resposta se são pessoas diferentes ou
não. A tradição católica a considera como tia de Jesus. De qualquer modo,
parece que ela e Cléofas tinham algum parentesco com Jesus.
2.
Considerações
finais
Embora, por razões culturais, o Novo
Testamento não chame essas mulheres de discípulas, podemos dar nome a pelo
menos 6 discípulas do grupo de Jesus: Maria Madalena, Joana de Cuza, Susana,
Maria de Tiago, Maria de Cléofas e Salomé.
[1]Seu nome aparece 12 vezes no Novo
Testamento.
[2]
Os nomes Cléofas, Clopas e
Alfeu são tido como a mesma pessoa.